21 de outubro de 2010

Meu mudo, mudo amor


Quantos amores discretos já não passaram por essa Terra? Amores sem alardes, sem escândalos, sem cobiça. Esses devem ser os melhores amores: silenciosos. Quantos sorrisos não foram dados em secreto? Quantos dedos não se entrelaçaram sem que ninguém soubesse? Quantos "eu te amo" já não foram ditos sem que houvesse necessidade de divulgação? Um amor quietinho, quase mudo. Ah, sentimentos ocultos. Queria ser uma formiguinha. Passar o dia inteiro numa praça esperando o casal certeiro, aquele bem velhinho mas muito, muito guerreiro. E o mais importante: imperceptíveis de tão discretos. Os avistaria de mãos dadas, mudos, mas numa intensa sintonia. E logo gritaria: Ei, psiu, descobri vocês! Eles talvez se assustariam. Mas então eu explicaria a minha pressa para descobrir o quase perfeito amor. E passaria uma tarde inteira anotando fórmulas secretas e mudas para ser feliz. Simplesmente porque hoje me dei conta do seguinte: os amores que conheço são falados, estão quase estampados na primeira página do jornal. E eles são cheios de terceiras pessoas, brigas, ausências. Mas os amores quietinhos...Ah, os amores quietinhos. Eles amam muito, mas divulgam pouco. Eles sentem muito, mas conservam sem medir consequências. Quero meu amor assim. Que os nossos encontros sejam secretos. Mistério no ar. Quero ser eu, e que ele seja ele. Mas que o nós seja só nosso. De mais ninguém. Mudo.

Thais Viotto.

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