27 de março de 2011

"Flores Pra Você"


Esse céu pinta azul hoje feito a tela daquele pintor famoso. Mas nada toca esse coração de pedra em que me transformei. Amor e medo são uma só mistura, e talvez eu já nem sei mais quem sou. Tantos sonhos pra acabar num ponto de interrogação. E agora, Zé? O que eu faço com esse gosto amargo na boca, esse mal entendido que não passa, de quem não compreende como flores viraram espinhos que cravam fundo feito dor? Como me jogar num abismo que não vejo o fim? Mas como abandonar as asas se um dia eu acreditei que voaria sem dores desprezíveis, sem marcas que chicoteiam a alma? O amor, afinal, não é paciente? Foi isso que me ensinaram e de repente querem me fazer acreditar que não é bem assim. Pelo menos por enquanto não. Mas e as minhas vontades? E o tempo que já passou e não foi? Não posso eu querer que tudo seja imediato, ou ao menos de acordo com os limites do meu coração? Quero voar em queda livre, chegar bem perto do chão, sorrir, e subir de novo com o mais puro entusiasmo. Quero me entregar às delícias da vida, ao amor que faz flutuar. Mas estou tão presa às dores, às expectativas que não foram, que chego a ter medo de não ter mais um coração. Hoje quando acordei coloquei a mão no peito e por um breve momento senti alguma coisa pulsar. Sei que meu instrumento de amor está longe de ser o que já foi, mas os dias passam e eu solidifico minhas vontades. E por enquanto é isso que realmente importa. Sei dos meus desejos, e sei o que mereço receber em troca do meu infinito amor por todas as coisas desse mundo. Não me coloco no ponto mais alto, mas de repente sei do meu valor, e de todas as coisas que passei e não deveria ter passado. E uma voz que grita “chega” me acompanha por esses dias escuros mas necessários. E eu me sinto feliz por estar decidida a dizer não às pontas afiadas que me lançam e deixam cicatrizes por toda a minha história. De agora em diante quero que me ofereçam pétalas de rosas, todos os dias. Juntas, elas formariam um lindo caminho rumo aos meus sonhos. Aos meus mais lindos sonhos. Não seria uma bela história para uma linda flor?

Thais Viotto.

10 de março de 2011

Caixinha secreta.


Hoje, você, que eu esbarro pelas escadas desse lugar de sempre, me olhou com olhos vidrados e perguntou:
- Ei, menina, afinal de contas, pra você, o que é o amor?
Me faltou ar. De repente, aqueles seguntos me pareceram horas e eu fechei meus olhos suspirando, como se aquela fosse a chance que a vida tivesse me dado. Senti vontade de dizer: Amor é sorriso de orelha a orelha, é coração que não pára de bater forte mesmo quando se sabe que se está passando por apuros. Amor são flores nas horas incertas, são carinhos sem ensaios. Amor, meu caro desconhecido da escada, é espontaneidade da cabeça aos pés. É luz que acende e apaga sem parar. É viagem com custos fáceis de lidar e infinitos benefícios. Amor não usa máscaras, sabe? Amor nem pensa em fazer o outro doer. Porque fazer sofrer dói mais do que deixar o outro sofrer. Amor é surpreender e ser chato de tanto que se quer agradar. Amor é querer ser melhor a cada dia. Amor é saber escutar. Mesmo quando não se ouve absolutamente nada. Amor é chocolate, madrugada, banho de chuva, sussurros, e até mesmo medo de perder. Amor é escolher colorir a vida do outro. É caminho longo com muitos buracos, mas superados com apertos de mãos e paciência infinita. Amor de verdade, amigo da escada, não acaba aqui. Continua lá no céu. E faz brilhar uma estrela intensamente, porque amor que é amor só pode ser bonito!
Mas, de surpresa, caí em mim. Balançei a cabeça como quem acorda de um sonho, sorri um sorriso torto e respondi:
- Desculpe, mas não sei o que é amor.
E segui o meu caminho. Como quem sabe tudo sobre o amor, mas guarda esse tudo numa caixa secreta.

Thais Viotto.